BANDA DESENHADA, HISTÓRIAS E ILUSTRAÇÃO / BANDE DESSINÉE, HISTOIRES ET ILLUSTRATION / COMICS, STORIES AND ILLUSTRATIONS
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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Sans auteur, plus de BD

Affiche du snac
(Syndicat National des Auteurs et des Compositeurs - France)

Sem autor, não há mais BD

A BD tem-se vindo a ressentir fortemente não só da famosa “crise” mas também do avanço do liberalismo capitalista que, aqui como em todas as áreas laborais, ataca sem pudor as conquistas da dura luta dos trabalhadores – e digo isto sem qualquer conotação ao PCP, apenas como constatação de realidades históricas.

E esse “liberalismo” – se assim se lhe pode chamar, por vezes apodado de “neo-darwinista” (pobre Darwin!) por representar uma ideologia do triunfo do mais forte, uma espécie de Lei da Selva artificialmente condicionada no apelo ao conformismo e à qual, agora em nome da civilidade, se extirpa todos os “inconvenientes” da Selva – ataca-se, tal como os oportunistas na Natureza, aos elos mais fracos. Neste caso, os elos mais fracos são os autores porque, muitas vezes refugiados no seu individualismo (compreensível, já que a criação é um processo essencialmente solitário e que se quer personalizado), têm fraco poder de mobilização e reinvindicação coletiva. Em França existe pelo menos um sindicato (o snac); não sei se existe algum na Bélgica. Em Portugal, obviamente, não; existe, quanto muito, a Sociedade Portuguessa de Autores!...

Aqui fica o apelo do snac para a mobilização, desta vez no Festival Internacional de BD (FIBD) de Angoulême.



Tradução de um texto recebido por e-mail:

“Aos autores, aos artistas e a todos aqueles que os suportam,

Há quase 40 anos, os autores artistas desciam à rua para que fosse criado um sistema de segurança social adequado às suas realidades.
Desde então, atacadas por todos os lados, as nossas escassas conquistas e as nossas condições de trabalho não param de se degradar.

A ameaça mais urgente, contra a qual lutamos desde há seis meses, é um projeto de reforma não concertada, insustentável nas suas modalidades, significaria amputar-nos de um mês de rendimentos – uma reforma brutal totalmente desconectada das nossas realidades.

É tempo de os autores retomarem em mãos as condições para o exercício da sua profissão, sobre a evolução de seu estatuto, para que possam participar sistematicamente nas decisões que lhes dizem respeito.

O Snac BD anunciou em conferência de imprensa doFIBD o que poderia assinalar simbolica e mediaticamente esse retomar em mãos:

Um apelo a todos os autores, bem como leitores que desejam apoiá-los, a que se mobilizem em Angoulême no sábado, 31 de Janeiro, para uma marcha dos autores e de apoio à sua criação.

Em breve comunicaremos os detalhes dessa ação.

Não percamos este encontro marcado, mantenhamo-nos vigilantes e mobilizados!

O SnacBD.”

ORIGINAL FRANÇAIS (reçu par e-mail):

"Aux auteurs, aux artistes, et à tous ceux qui les soutiennent,

Il y a près de 40 ans, les artistes auteurs descendaient dans la rue pour que soit créé un régime de sécurité sociale adapté à leurs réalités.
Depuis, attaqués de toute part, nos maigres acquis et nos conditions de travail ne cessent de se dégrader. 
La plus urgente menace, contre laquelle nous nous battons depuis six mois, est un projet de réforme non concertée, insoutenable dans ses modalités, reviendrait à nous amputer d’un mois de  revenus - une réforme brutale totalement déconnectée de nos réalités.
Il est temps que les auteurs reprennent la main sur  les conditions d'exercice de leur métier, sur l'évolution de leur statut, et qu’ils puissent prendre part systématiquement aux décisions qui les concernent.
Le Snac BD a annoncé à la conférence de presse du FIBD ce qui pourrait marquer symboliquement et médiatiquement cette reprise en main :
Un appel à l’ensemble des auteurs ainsi qu'aux lecteurs, souhaitant les soutenir, à se mobiliser à Angoulême le Samedi 31 Janvier pour une marche des auteurs et de soutien à la création.

Nous communiquerons prochainement les détails de cette action.

Ne ratons pas ce rendez-vous, restons vigilants et mobilisés !

Le SnacBD."

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Hergé - dessinateur, auteur de BD

Hergé (22/05/1907-03/03/1983)
[Digitalmente editado]

Hergé, para mim um dos maiores autores de BD, nasceu há 106 anos. Aqui fica uma pequena homenagem ao seu talento, personalidade e persistência.

Há dois anos assinalei a data com um post mais desenvolvido. O tempo passa!...

Nota: no dia 3 de março foi o 30º aniversário da sua morte.

sábado, 10 de março de 2012

Blueberry fields forever for Mister Giraud

Jean Giraud/Mœbius (1938-2012) no Festival de Lodz em 2008
[Foto digitalmente editada por Luís Diferr, 2012]

Em homenagem a Jean Giraud, que um dia encontrou um certo Mœbius, o homem que se contorce, não se distinguindo o interior do exterior. A partir de então, as geniais personagens foram-se contorcendo, evoluindo, e não pararam de nos surpreender e maravilhar.
Merci, Jean !

Incal, Jodorovski & Mœbius

Em homenagem ao Tenente Blueberry, essa fabulosa personagem criada pelo talento de Jean e de um outro Jean, o notável argumentista Jean-Michel Charlier.
Merci, Jean-Michel !

Lieutenant Blueberry, Charlier & Giraud

Em homenagem aos criadores que recriam o Universo.

Hugo Pratt e Jean Giraud, 1972

Merci, messieurs !

Pode ler-se uma notícia comentada também em Pérola de Cultura, onde, em 31 de maio de 2009, foi publicado um texto meu sobre uma Exposição do Tenente Blueberry em Bruxelas.
"Vale a pena ir à Bélgica nos dias que se aproximam!" - escrevi, então.

Tempos de ingénua esperança!... Ou existirão esperanças que não sejam ingénuas? Bah! No fim de contas, não vi nem essa exposição, nem os Museus Hergé e Magritte, ali referidos.

Mas lembremos a máxima preferida do Prof. Mortimer: "Wait and see!"

Farewell, Mister Giraud/Doctor Mœbius!
Chihuahua Pearl, par Giraud

terça-feira, 1 de novembro de 2011

José Pires – 50 anos de carreira


Desenhos a lápis, a tinta e em versão colorida para "Le Diable Noir", de José Pires & Benoît Despas (c) 2009 Éditions Orphie

No âmbito do 22º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora está patente ao público uma exposição sobre os 50 anos de carreira de José Pires.
Só ontem pude visitá-la e aconselho todos os interessados a fazê-lo nesta que é a derradeira semana.

Ilustração para capa do nº 1 da revista "Zorro" (c) 1962 José Pires

A organização do Festival achou por bem apresentar a exposição na Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, Av. Conde de Guimarães (mais conhecida como “reta dos Comandos da Amadora”), 6 – Reboleira. O espaço que a acolhe não é a biblioteca propriamente dita mas a sala de conferências, a um canto do edifício.
O problema é que, não pondo em causa a dignidade desse espaço, é duvidoso que a maioria do público do Festival (que frequenta o núcleo central, no Fórum Luís de Camões) lá ponha os pés, em virtude da distância a que fica do Fórum; o que significa, na prática, que a maioria do público não verá a exposição.

Parece-me, sinceramente, que “50 anos de carreira” mereceriam melhor visibilidade e mais espaço. Mesmo assim, naquela sala de conferências, a mostra é representativa do percurso deste ex-publicitário – que faz questão de frisar que não é um “artista” mas um “profissional” – que se tornou um entusiástico utilizador e defensor das tecnologias digitais (“Freehand”, “Photoshop”, etc.). Já discuti muito com ele a esse respeito; das potencialidades, virtudes, limitações e armadilhas desses instrumentos (como de quaisquer outros, naturalmente, só que estes são extremamente poderosos e sedutores).

Última prancha de um western, original a tinta da china, (c) 1991 José Pires & Benoît Despas

Prancha de "Le Sang et la Gloire", original a tinta da china, de José Pires & Benoît Despas (c) 1991 Éditions du Lombard

Quero aqui render uma homenagem a José Pires, o “profissional” que passou pela publicação além-fronteira (Bélgica, França, Ilha da Reunião…) mas que da BD nunca tirou grandes proventos – a sua ‘verdadeira’ profissão era outra, em agências de Publicidade – e, não obstante, manifestou ao longo de tantos anos uma persistência e uma dedicação raras, que muitos “artistas” não teriam. José Pires acredita profundamente em si próprio, nunca deixa cair os braços apesar da aridez do meio da BD em Portugal e da dura adversidade no estrangeiro. E tem uma capacidade de trabalho notável e uma produtividade espantosa.
Nesse aspeto, eu próprio gostaria de ser mais “profissional”; mas José Pires, estimado colega e amigo, coloca-me na categoria dos “artistas”!...


Prancha de "Le Diable Noir", de José Pires & Benoît Despas (c) 2009 Éditions Orphie

É de referir, por fim, que José Pires manifesta em geral uma notável disponibilidade para apoiar aqueles em quem reconhece talento e para partilhar a sua visão da BD, as suas experiências e os seus conhecimentos gráficos.
Foi por intermédio dele – na altura, a trabalhar com o argumentista belga Benoît Despas para as Éditions du Lombard – que, em 1990, comecei a desenvolver com este último o projeto “Les Compagnons d’Alexandre”. Por força do destino, o projeto não vingou mas a atitude de José Pires, que eu mal acabara de conhecer e que me possibilitaria ‘entrar’ numa editora do gabarito da Lombard, isso é algo que não se esquece.

Um grande abraço, Gussy!

O recinto da exposição
[Fotografias de Luís Diferr]

* Sobre “Les Compagnons d’Alexandre”, neste blogue: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Gilles Chaillet, Roma Aeterna

Gilles Chaillet (3/06/1946 – 14/09/2011)
Foto / Photo : Manuel Picaud

Foi bastante chocado e com profunda tristeza que li ontem em AlixMag’ a notícia do falecimento de Gilles Chaillet no passado dia 14, em Margency, onde habitava.

Gilles, um homem de uma gentileza e uma disponibilidade raras (e disso há inúmeros testemunhos), tinha-me proposto em junho do ano passado desenhar um álbum da sua série em projeto “ROMA AETERNA”. “O assunto, disse-me ele, gira em torno de Aníbal e da segunda guerra púnica, e isso no grafismo das viagens de Loïs”.
Ele pensava apresentar-me uma sinopse detalhada no outono passado, prevendo o arranque do trabalho para o corrente ano de 2011. Infelizmente, os seus problemas de saúde – com os quais ele próprio brincava – foram adiando a concretização do vasto projeto.

Como escrevi ontem à noite a Stéphane Jacquet (de AlixMag’):
“Pequenos problemas” [como ele se lhes referia] atormentaram e finalmente mataram este homem, um grande homem, quando normalmente a sua idade lhe teria ainda permitido criar, produzir e viver. Um homem bom e generoso.
Como convém, eu guardei sempre silêncio sobre o nosso projeto. Posso agora falar dele porque já não existe, o seu coração parou com o do seu criador. E isso entristece-me, tenho vontade de uivar à lua, como os lobos.

Mas, ultrapassando o desânimo, é o momento de reencontrar a coragem e a vontade, de redefinir metas e redirecionar esforços.
Se algum dia conseguir publicar mais um álbum, dedicá-lo-ei a Gilles. Está prometido.

Cartão de Boas Festas enviado a Gilles em 2008, sobre a imagem de Lisboa, página 8/9 do álbum / Carte de Vœux envoyé à Gilles en 2008, sur l’image de Lisbonne, double page 8/9 de l’album : LE PORTUGAL

C’est assez choqué et avec une profonde tristesse que j’ai lu hier sur AlixMag’ la nouvelle sur le décès de Gilles Chaillet le 14 dernier, à Margency, où il habitait.

Gilles, un homme d’une gentillesse et d’une disponibilité rares (et à ce sujet il y a d’innombrables témoignages), m’avait proposé en juin 2010 de dessiner un album de sa série en projet « ROMA AETERNA ». « Le sujet, a-t-il dit, tourne autour d’Hannibal et de la deuxième guerre punique, et ce dans le graphisme des voyages de Loïs ».
Il pensait me présenter un synopsis détaillé à l’automne passé, en envisageant le démarrage du travail pour le courant 2011. Malheureusement, ses problèmes de santé – avec lesquels il plaisantait lui-même – ajournaient la concrétisation de son vaste projet.

Comme je l’ai écrit hier soir à Stéphane Jacquet (d’AlixMag’) :
Des « petits soucis » [voilà comment il en parlait] ont tourmenté et finalement tué cet homme, un grand homme, lorsque normalement son âge lui aurait permis encore de créer, de produire et de vivre. Un homme bon et généreux.
Comme il faut, j’ai toujours gardé le silence au sujet de notre projet. Maintenant je peux en parler parce qu’il n’est plus, son cœur s’est arrêté avec celui de son créateur. Et cela aussi m’attriste. J’ai envie d’hurler à la lune, comme les loups.

Mais, en surmontant l’accablement, c’est le moment de retrouver le courage et la volonté, redéfinir des objectifs et rediriger des efforts.
Si jamais j’arrive à publier un nouvel album, je le dédierai à Gilles. C’est promis.

VASCO, série criada em 1978 (Le Lombard)

"DANS LA ROME DES CÉSARS", 2004 Éditions Glénat
"VINCI", T.1 (2008) & T.2 (2009), arg./scén. Didier Convard, Éditions Glénat

terça-feira, 24 de maio de 2011

Paul Gillon (11/05/1926 – 21/05/2011)

 
“La Survivante”, Ed. Albin Michel, 1985

“Victorine” de Gillon. Carte postale : image de la planche 39 de “Les Léviathans ”,
Ed. Les Humanoïdes Associés, 1982

Acabo de saber da morte de Paul Gillon, no passado dia 21. Poucos dias antes completou 85 anos.

Eis um homem a quem quero prestar homenagem, um autor pelo qual sinto uma grande admiração; um desenhador notável, de traço fluido sobre pranchas enormes, o justo herdeiro de Alex Raymond, o responsável de um classicismo actualizado ao longo de uma longa carreira.
Recentemente, desde 2009, a sua série mais célebre, “Os Náufragos do Tempo” (inicialmente com Jean-Claude Forest) conheceu uma reedição magnífica, contando com uma cor inteiramente refeita (um excelente trabalho digital de Yannick et Hubert).

Tenho sob os meus olhos um velho “Schtroumpf – les cahiers de la bande dessinée” de 1978, incrivelmente comprado em São Paulo.
Na página 29 deste nº 36, dedicado a Paul Gillon, o crítico Henri Filippini dizia a seu respeito: “Um desenho que cheira bem a aventura”. E na página 19, à sua pergunta

“Como é que você trabalha? Depressa ou devagar?”,

o visado respondeu:

“Depressa quando é preciso, devagar quando me agrada”.

Saudações, Monsieur Gillon, você ficará na história da BD como um dos seus mais notáveis autores!

“Schtroumpf” nº 36, Glénat Ed., 1978

Je viens d’apprendre le décès de Paul Gillon, le 21 passé. Il venait d’avoir 85 ans.

Voici un homme à qui je veux rendre hommage, un auteur pour lequel j’éprouve une grande admiration ; un dessinateur remarquable, au trait fluent sur des planches énormes, le juste héritier d’Alex Raymond, le responsable d’un classicisme mis à jour pendant une longue carrière. Récemment, dès 2009, sa série phare “Les Naufragés du Temps” (d’abord avec Jean-Claude Forest) a connu une réédition magnifique, comptant avec un coloriage entièrement refait (un excellent travail numérique de Yannick et Hubert).

J’ai là sous mes yeux un vieux “Schtroumpf – les cahiers de la bande dessinée” de 1978, incroyablement acheté à São Paulo.
En page 29 de ce nº 36, dédié à Paul Gillon, le critique Henri Filippini disait à son sujet : « Un dessin qui sent bon l’aventure ». Et en page 19, à sa demande
« Comment travaillez-vous ? Vite ou lentement ? »,

le visé a répondu :

« Vite quand il le faut, lentement quand il me plait ».

Chapeau, Monsieur Gillon, vous resterez dans l’histoire de la BD comme un de ses plus grands auteurs !

Paul Gillon
em julho de 2008 / en juillet 2008

“Les Naufragés du Temps”, réédition Ed. Glénat, 2008/9 (1ère édition : Les Humanoïdes Associés, 1974/8)

Referências na Internet / Références sur internet:

domingo, 22 de maio de 2011

Hergé (22 mai 1907)

“Hergé – Lignes de Vie”, de Philippe Goddin, (c) Hergé/Moulinsart 2007
Capa sobre quadro de / Couverture sur tableau de : Andy Warhol.

Eis uma imponente obra em 1003 páginas, publicada por ocasião do centenário do nascimento de Hergé, muito bem escrita e organizada, que se fundamenta em numerosas fontes, sobretudo cartas (e Hergé recebia-as e escrevia-as em grande número!) e que termina com “mil milhões de mil agradecimentos”.
Segundo a contracapa, “Estas Linhas de Vida esboçam o retrato de um homem complexo, vulnerável, datado de um grande sentido de humor, presa dos tormentos mais dolorosos.”
Um homem genial – diria eu –, que sabia muito bem o que queria, que prezava profundamente a amizade e que tinha a coragem de defender os seus pontos de vista e os seus princípios mas também de se pôr em causa. Podemos descobrir, ao longo das páginas desta biografia, que por trás das Aventuras de Tintim, há um homem, uma vida, com os quais elas são absolutamente coerentes, mesmo na perseguição de um ideal. Não é sempre esse o caso.

Hergé (Boisfort, 04/1949)

Sabe-se bem que não é difícil construir uma obra apologética sobre um autor qualquer; contudo, esta biografia tem a vantagem de se apoiar na correspondência de Hergé, que é copiosamente reproduzida – o que é interessante e não se presta tanto a interpretações do biógrafo. É de se lhe tirar o chapéu, cavalheiro!

Philippe Goddin conheceu o autor pessoalmente. Foi o responsável da Fundação Hergé e “participou na reconstrução dos seus arquivos durante uma trintena de anos”.
Uma pequena nota final para os admiradores de Jacobs e de J. Martin (e eu sou um deles), que poderão ficar incomodados pelo facto de que Goddin faz um retrato que não é propriamente lisonjeiro destes dois autores.

Hergé & Warhol (Galerie D, Bruxelles, 05/1977)

Voici un imposant ouvrage en 1003 pages, publié à l’occasion du centenaire de la naissance d’Hergé, très bien écrit et organisé, qui puise dans de nombreuses sources, surtout des lettres (et Hergé en recevait et en écrivait beaucoup !) et qui termine avec “mille millions de mille mercis”.
Selon la 4ème couverture, « Ces Lignes de vie ébauchent le portrait d’un homme complexe, vulnérable, doté d’un grand sens de l’humour, en proie au tourments les plus douloureux. »
Un homme génial – dirais-je –, qui savait très bien ce qu’il voulait, qui honorait profondément l’amitié, qui avait le courage de défendre ses points de vue et ses principes mais aussi de se mettre en cause. On peut découvrir, à travers les pages de cette biographie, que derrière les Aventures de Tintin il y a un homme, une vie, avec lesquels elles sont absolument cohérentes, même dans la poursuite d’un idéal. Ce n’est toujours pas le cas.

Hergé (Studios, 1956)

On sait bien que ce n’est pas très difficile de bâtir une œuvre apologétique sur un auteur quelconque ; pourtant, cette biographie a l’avantage de s’appuyer sur la correspondance d’Hergé, qu’y est copieusement reproduite – ce qui est intéressant et ne se prête pas tant aux interprétations du biographe. Chapeau, Monsieur !

Philippe Goddin a connu le dessinateur en personne. Il a été le responsable de la Fondation Hergé et « a participé à la reconstruction de ses archives pendant une trentaine d’années ».
Une petite note finale pour les admirateurs de Jacobs et de J. Martin (et j’en suis un), qui pourront être gênés par le fait que Goddin dresse un portrait pas vraiment flatteur de ces deux auteurs.


Hergé (Georges Rémi, 22/05/1907 – 3/03/1983) par Tintin

sábado, 16 de abril de 2011

La belle vie des auteurs de BD

A propos de la parution de l’album "LE PORTUGAL", l’ami Bernard (membre nº 1.05.2010 du Club International des Cachottiers, au rang de "Petit Cachotier" de la section belge) m’a envoyé des coupures de presse bruxelloise qu’il a trouvé par-ci par-là. Les voici.





Les deux premières images concernent la présentation officielle de l’édition portugaise (le 16 juin 2010) ; les suivantes, le vernissage de l’expo réalisé le 22 octobre.

Je lui remercie du fond du cœur. Pourtant, il a laissé échapper quelques moments. Par exemple, celui-ci :

ou bien la suite de la conversation avec Peeters et Schuiten :


Merci encore à Bernard pour son sens de l’humour !

NOTA : tudo isto vai escrito em francês porque não valeria a pena de outro modo. Não é certamente por elitismo, perdoem-me aqueles que não compreendem a língua francesa!...