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terça-feira, 10 de julho de 2012

O desdobramento do Infante Portugal

“O Infante Portugal”, ilustração (c) 2011 Luís Diferr
[Original a tinta da china, digitalmente editado em Photoshop]

O Infante Portugal, congeminado pelo lírico José de Matos-Cruz, desdobra-se literalmente sob o traço de diversos ilustradores no livro “O Infante Portugal e as Sombras Mutantes”, publicado no passado mês de maio. O mais prolífico de todos eles é Daniel Maia.

“Deste solo emergirão o barro e a carne. O sopro e o sangue. A forma e a essência. O nervo e a voz. O desejo e a consciência. O homem e os seus fantasmas.
Desta forja brotarão o fogo e o furor. A fórmula e a matriz. A matéria e a centelha. A mutação e a engrenagem. O ritual e a alienação. O herói e as suas máscaras.”

In “O Infante Portugal e as Sombras Mutantes”, página 53, (c) 2012 José de Matos-Cruz

O mirabolante autor presta tributo a todos os seus cúmplices rabiscadores numa mostra hoje inaugurada, conforme o convite abaixo reproduzido.


Talvez lá se descubra o próprio Infante. Certo é que encontrá-lo será um feito quase tão notável quanto a descoberta do evanescente bosão de Higgs!

LER NOTÍCIA AQUI: Pérola de Cultura;
ou AQUI: João Amaral;
ou ainda, com vários desdobramentos mutantes, AQUI: Daniel Maia e Susana Resende.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

José Pires – 50 anos de carreira


Desenhos a lápis, a tinta e em versão colorida para "Le Diable Noir", de José Pires & Benoît Despas (c) 2009 Éditions Orphie

No âmbito do 22º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora está patente ao público uma exposição sobre os 50 anos de carreira de José Pires.
Só ontem pude visitá-la e aconselho todos os interessados a fazê-lo nesta que é a derradeira semana.

Ilustração para capa do nº 1 da revista "Zorro" (c) 1962 José Pires

A organização do Festival achou por bem apresentar a exposição na Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, Av. Conde de Guimarães (mais conhecida como “reta dos Comandos da Amadora”), 6 – Reboleira. O espaço que a acolhe não é a biblioteca propriamente dita mas a sala de conferências, a um canto do edifício.
O problema é que, não pondo em causa a dignidade desse espaço, é duvidoso que a maioria do público do Festival (que frequenta o núcleo central, no Fórum Luís de Camões) lá ponha os pés, em virtude da distância a que fica do Fórum; o que significa, na prática, que a maioria do público não verá a exposição.

Parece-me, sinceramente, que “50 anos de carreira” mereceriam melhor visibilidade e mais espaço. Mesmo assim, naquela sala de conferências, a mostra é representativa do percurso deste ex-publicitário – que faz questão de frisar que não é um “artista” mas um “profissional” – que se tornou um entusiástico utilizador e defensor das tecnologias digitais (“Freehand”, “Photoshop”, etc.). Já discuti muito com ele a esse respeito; das potencialidades, virtudes, limitações e armadilhas desses instrumentos (como de quaisquer outros, naturalmente, só que estes são extremamente poderosos e sedutores).

Última prancha de um western, original a tinta da china, (c) 1991 José Pires & Benoît Despas

Prancha de "Le Sang et la Gloire", original a tinta da china, de José Pires & Benoît Despas (c) 1991 Éditions du Lombard

Quero aqui render uma homenagem a José Pires, o “profissional” que passou pela publicação além-fronteira (Bélgica, França, Ilha da Reunião…) mas que da BD nunca tirou grandes proventos – a sua ‘verdadeira’ profissão era outra, em agências de Publicidade – e, não obstante, manifestou ao longo de tantos anos uma persistência e uma dedicação raras, que muitos “artistas” não teriam. José Pires acredita profundamente em si próprio, nunca deixa cair os braços apesar da aridez do meio da BD em Portugal e da dura adversidade no estrangeiro. E tem uma capacidade de trabalho notável e uma produtividade espantosa.
Nesse aspeto, eu próprio gostaria de ser mais “profissional”; mas José Pires, estimado colega e amigo, coloca-me na categoria dos “artistas”!...


Prancha de "Le Diable Noir", de José Pires & Benoît Despas (c) 2009 Éditions Orphie

É de referir, por fim, que José Pires manifesta em geral uma notável disponibilidade para apoiar aqueles em quem reconhece talento e para partilhar a sua visão da BD, as suas experiências e os seus conhecimentos gráficos.
Foi por intermédio dele – na altura, a trabalhar com o argumentista belga Benoît Despas para as Éditions du Lombard – que, em 1990, comecei a desenvolver com este último o projeto “Les Compagnons d’Alexandre”. Por força do destino, o projeto não vingou mas a atitude de José Pires, que eu mal acabara de conhecer e que me possibilitaria ‘entrar’ numa editora do gabarito da Lombard, isso é algo que não se esquece.

Um grande abraço, Gussy!

O recinto da exposição
[Fotografias de Luís Diferr]

* Sobre “Les Compagnons d’Alexandre”, neste blogue: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.