(Syndicat National des Auteurs et des Compositeurs - France)
Sem autor, não há mais BD
A BD tem-se vindo a ressentir fortemente não só da famosa
“crise” mas também do avanço do liberalismo capitalista que, aqui como em todas
as áreas laborais, ataca sem pudor as conquistas da dura luta dos trabalhadores
– e digo isto sem qualquer conotação ao PCP, apenas como constatação de
realidades históricas.
E esse “liberalismo” – se
assim se lhe pode chamar, por vezes apodado de “neo-darwinista” (pobre Darwin!)
por representar uma ideologia do triunfo do mais forte, uma espécie de Lei
da Selva artificialmente condicionada no apelo ao conformismo e à
qual, agora em nome da civilidade, se extirpa todos os “inconvenientes” da
Selva – ataca-se, tal como os oportunistas na Natureza, aos elos mais
fracos. Neste caso, os elos mais fracos são os autores porque,
muitas vezes refugiados no seu individualismo (compreensível, já que a criação
é um processo essencialmente solitário e que se quer personalizado), têm fraco
poder de mobilização e reinvindicação coletiva. Em França existe pelo menos um
sindicato (o snac); não sei se
existe algum na Bélgica. Em Portugal, obviamente, não; existe, quanto muito, a
Sociedade Portuguessa de Autores!...
Aqui fica o apelo
do snac para a mobilização, desta vez no Festival Internacional de BD (FIBD) de
Angoulême.
Tradução de um texto recebido por e-mail:
“Aos autores, aos artistas e a
todos aqueles que os suportam,
Há quase 40 anos,
os autores artistas desciam à rua para que fosse criado um sistema de segurança
social adequado às suas realidades.
Desde então,
atacadas por todos os lados, as nossas escassas conquistas e as nossas
condições de trabalho não param de se degradar.
A ameaça mais
urgente, contra a qual lutamos desde há seis meses, é um projeto de reforma não
concertada, insustentável nas suas modalidades, significaria amputar-nos de um
mês de rendimentos – uma reforma brutal totalmente desconectada das nossas
realidades.
É tempo de os
autores retomarem em mãos as condições para o exercício da sua profissão, sobre
a evolução de seu estatuto, para que possam participar sistematicamente nas
decisões que lhes dizem respeito.
Um apelo a todos os autores, bem como leitores que
desejam apoiá-los, a que se mobilizem em Angoulême no sábado, 31 de Janeiro,
para uma marcha dos autores e de apoio à sua criação.
Em breve comunicaremos os detalhes dessa ação.
Não percamos este encontro marcado, mantenhamo-nos
vigilantes e mobilizados!
O
SnacBD.”
ORIGINAL FRANÇAIS (reçu par e-mail):
"Aux auteurs, aux artistes, et à tous ceux qui les
soutiennent,
Il y a près de 40 ans,
les artistes auteurs descendaient dans la rue pour que soit créé un régime de
sécurité sociale adapté à leurs réalités.
Depuis, attaqués de toute
part, nos maigres acquis et nos conditions de travail ne cessent de
se dégrader.
La plus urgente menace, contre
laquelle nous nous battons depuis six mois, est un projet de réforme non
concertée, insoutenable dans ses modalités, reviendrait à nous
amputer d’un mois de revenus - une réforme brutale
totalement déconnectée de nos réalités.
Il est temps que les auteurs
reprennent la main sur les conditions d'exercice de
leur métier, sur l'évolution de leur statut, et qu’ils puissent
prendre part systématiquement aux décisions qui les concernent.
Un appel à
l’ensemble des auteurs ainsi qu'aux lecteurs, souhaitant les soutenir, à
se mobiliser à Angoulême le Samedi 31 Janvier pour une marche des
auteurs et de soutien à la création.
Nous
communiquerons prochainement les détails de cette action.
Ne ratons pas ce
rendez-vous, restons vigilants et mobilisés !
Le SnacBD."