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terça-feira, 26 de junho de 2012

Os Druidas de Valmenor (26)

Kli Van-Kli, "Os Druidas de Valmenor" (c) 2012 Luís Diferr


Kli vem a atravessar a ponte, dialogando com o palerma:
– Que mais sabes sobre os Druidas, Apuleio?
– Sei que são parvos! – responde ele. – São parvos, parvos, parvos!...
Nesse instante, o cimbalino vê Samara e o estalajadeiro a correr na sua direção.
Kli! FOGE! – grita ela.
Num instante se reencontram. O palerma parece aborrecido com isso, resmungando e olhando para o outro lado: – Parva!
– Vêm aí cinco galfarros do Carcavel para te tratar da saúde – diz Asdrúbal ao cimbalino.
– Ah, vai haver pancadaria! – rejubila agora Apuleio. – Bom, bom, bom!
– Ora, ora!... Por isso aquela gente se refugiou no templo!... – diz Kli, olhando para lá.
– O que vais fazer? – pergunta Asdrúbal. E aponta o arvoredo, a uns cem metros da aldeia. – Se fugires, talvez consigas esconder-te na floresta.
Fugir?! Eu?! – indigna-se Kli. – De cinco boçais?!
– Viva! – exclama Samara e atira-se ao pescoço de Kli, dando-lhe um beijo. – Que valente!
– Vimos cinco, mas pode haver mais – avisa Moutinho.
– Posso contar com a tua ajuda? – pergunta-lhe Kli.
O estalajadeiro medita por um instante.
– Podes contar comigo! Podes contar comigo! – grita o palerma, pondo-se aos pulos, excitado.

Quando os esbirros do Príncipe chegam ao local, encontram apenas Kli, encostado à grande árvore, de frente para eles, e Apuleio.
– Ora, ora!... Que robusta companhia!... – ironiza o cimbalino.
– Aí estás tu, címbalo! Vimos buscar-te, a mando do nosso mestre – atira-lhe logo um dos homens, ferozmente.
– Mas antes apetece-nos dar-te uma surra.

– Nesse caso, terão que se haver também comigo – diz Asdrúbal Moutinho, saindo de trás da árvore.
Nesse momento, Samara entra apressadamente pelo portão do jardim de Apolinário, proveniente de um caminho à beira-rio.
E, junto à grande árvore, uma hesitação de temor toma conta da tropa.
– Não te metas nisto, cartaginês! – rosna um deles. – O Príncipe não iria gostar!
– De quem o nosso Príncipe gosta é da garina!... – cospe outro, com volúpia nos olhos. – Onde é que ela está, hã?
– Onde vocês não lhe possam pôr as patas em cima, sabujos – replica friamente Kli.
– Samara está nua, Samara está nua! – cantarola o palerma, pondo-se a dançar.
– Cala-te, Apuleio! – ralha Moutinho. 
Sabujos?! – urra um dos homens, inconformado. – Pela má sorte, vamos permitir que este címbalo de merda nos chame sabujos?
– Claro que não! – gritam eles. – Mata! Esfola!
– Mas o que é um sabujo, afinal? – pergunta o gordo, perplexo.
Cão de montaria! – esclarece o palerma. – Utiliza-se figurativamente no sentido de um indivíduo servil... bajulador... adulador... capacho...
Vês?! – urra o homem, arreganhando os dentes. – É um insulto! Ele insultou-nos!
E com raiva na alma, puxando das espadas, todos os cinco se atiram a Kli e ao estalajadeiro.
[CONTINUA]

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